sábado, 12 de julho de 2008

ss.

Ela fechou os olhos com força e sentiu o peso daquela certeza deitar devagar sobre os seus ombros, ele ficaria ali para sempre. Ali, naquele fim de tarde vazio, ou ali naquela manhã chuvosa. Ele ficaria para sempre em tudo, para sempre no seu sorriso e para sempre em suas lágrimas. Impregnado em cada ruga que lhe surgisse, amarrado às pontas secas dos seus cabelos, e esparramado em seus perfumes. O "para sempre" a sufocava por completo.
Em seu peito, um vazio gelado, tão gelado que chegava a doer.
Era como se uma tempestade inteira estivesse dentro de sua cabeça.
Suas unhas roídas, as nuvens brancas, o inseto no vidro, a revista jogada no chão. Ele não iria embora.
Sentimentos desconexos atormentavam-a na mais calma confusão. Não havia como reagir. De novo e de novo aquelas palavras verdes na sua cabeça, gravadas. Como iria ela viver com aquele fantasma atado aos seus pulsos? Como iria ela expulsá-lo de vez?
Não havia uma única maneira no mundo capaz de aliviar aquela dor. Suas lembranças pareciam antigas, um abismo separava o ontem do hoje, um abismo profundo e irreparável.
Horas, dias, semanas, meses, anos. Uma vida inteira, em um parágrafo. Uma vida inteira naquele momento.
Sua vidinha continuou, não havia alívio no tempo. Suas gargalhadas, suas noitadas, seus amores, seus medos e seus segredos. Tudo continuou. Inclusive a certeza, a maldita certeza, confirmada a cada amanhecer e anoitecer, confirmada na eterna presença daquela ausência.
Para sempre, como o prometido.

2 comentários:

Anônimo disse...

Amei o jeito como tu escreve.
Textos soltos assim sao meio sem nocao, mas gostei. xP~
Ta bom sim, esse o fato. =]
Independente dos meus gostos, ficou muito perf'z.

Tiffany disse...

lindo e dramático!
me senti assim esses dias.
tu escreve muito bem!